terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Antes de continuarmos aquele papo...

cena-de-carnaval-debret
Cena de Carnaval, Debret, aquarela sobre papel, 18 x 23 cm, 1823


Fala, minha gente! Tudo bem com vocês?

Pois é! Postagem em pleno carnaval!!! Blog bombando! A todo o vapor!

Hoje eu continuaria o assunto da última semana, mas é impossível não fazer menção ao carnaval aqui. Assim, antes de continuarmos aquele papo, vamos falar um pouco sobre o carnaval? Acho super digno!

Para começar o assunto, fui buscar inspiração em outros espaços que trouxessem a temática à tona de uma forma bacana. Adorei este post deste blog. Joelza, dona do blog, está de parabéns! Não foi a toa que trouxe de lá até a imagem acima: uma obra de Debret retratando o carnaval. Assim, aproveitando o ensejo, quero trazer, além da relação entre o carnaval e a alimentação, a importância da obra de Debret para a gastronomia. Vamos lá?

Bom, vamos ao que nos interessa: o carnaval. Apesar de ser uma festa popular, este período marca o adeus à carne, precedendo um intervalo de jejum e sacrifícios antes do renascimento de Jesus Cristo (a Páscoa), conhecido por quaresma. Assim, para fazer jus aos 40 dias de abstinência, fazia-se as comemorações das maneiras mais extravagantes possíveis, de acordo com as tradições locais. Comia-se a carne, bebia-se o vinho e a cerveja, comemorava-se de forma veemente, já que os próximos dias seriam de grande sacrifício. Para saber um pouco mais da história dessa festa, clique aqui. O texto é bacana e bem simples, fácil de ser compreendido.

E quando essa festa chega ao Brasil? Durante a colonização, claro! "Colonizar" não se trata só de matar índios e enxertar o território de pessoas: com os "colonizadores" chegam, também, hábitos, costumes, toda complexidade ligada ao habitus das pessoas que chegam à nova terra. Assim, comemorava-se o carnaval aqui da maneira que era possível, haja vista as possibilidades aqui oferecidas serem bem diferentes das possibilidades em Portugal, não é?

A chegada da família real ao Rio de Janeiro, em 1808, causou um verdadeiro alvoroço. Não era só uma comitiva com milhares de pessoas que ali aportavam, eram hábitos e fazeres que estavam para ser reatualizados. Era a corte do reino que trazia o que havia de mais distinto. Era a fonte de inspiração da elite carioca. (Neste artigo, falo um pouco sobre as mudanças e a exportação de novos hábitos entre as elites durante a modernidade. Vale a leitura!)

Em 1816, chega ao Brasil, a convite do regente, D. João VI, uma comitiva de franceses para "ajudar" no processo civilizador do Brasil. Eram artistas (pintores, escultores) que tinham como premissa a modernização à francesa da terra tupiniquim. Um dos pintores que se destacou neste processo foi Jean-Baptiste Debret, não por ser um artista melhor que os demais, mas por ter publicado, já de volta à França, a obra intitulada Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Ao longo dos 15 anos que esteve aqui, Debret buscou entender o cotidiano da população que vivia no Rio de Janeiro de sua época, observando não só a elite, mas os costumes do povo em geral. Em sua obra, retratou uma série de costumes - muito se deve a ele, inclusive, o que se sabe sobre a alimentação no Brasil colonial durante a estadia da corte na capital do Brasil. 

Ao comparar os festejos de carnaval entre o Brasil e a Europa, o artista logo constatou que as comemorações aqui eram bem diferentes dos bailes de máscara, característicos da Europa de sua época. Numa de suas conclusões sobre a festividade, Debret diz que

"Para o brasileiro, portanto, o carnaval se reduz aos três dias gordos, que se iniciam no domingo às 5 horas da manhã, entre as alegres manifestações dos negros, já espalhados nas ruas a fim de providenciarem o abastecimento de água e comestíveis de seus senhores, reunidos nos mercados ou em torno dos chafarizes das vendas. Vemo-los aí, cheios de alegria e saúde, mas donos de pouco dinheiro, satisfazerem sua loucura inocente com a água gratuita e o polvilho barato que lhes custa cinco réis".

Os dias gordos, conforme apresentamos lá em cima, eram os dias de carne, os dias dos excessos que antecediam a quaresma. A alimentação, sem a menor sombra de dúvidas, ocupa um lugar importantíssimo nos festejos de carnaval.

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E aí, gostaram do texto de hoje? Deixe o seu comentário aqui, vamos trabalhando pra deixar esse espaço cada vez mais democrático e interessante para os leitores!

Aproveitando o ensejo, leram o meu texto que foi publicado no último domingo? Gostaram de saber um pouco mais sobre a gourmetização ao longo da história? Falei no último texto e reitero: adorei escrever sobre este processo! Comente aí o que você achou!

Busco escrever os textos com links que me ajudaram em sua construção, e acho bacana que vocês os acessem também. Vale a pena nós conhecermos o que outras pessoas estão falando sobre este tema também. Gostou dos links? Comente aqui também!

Galera, por hoje é isso. Espero que tenham gostado! Nos encontramos na próxima semana de novo. Tchau!


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